A origem histórica, mítica e mística da Umbanda está ligada a duas raízes:
• Afro - todo sistema religioso que os negros trouxeram para o Brasil
• Ameríndia - nossos índios, denominada de culto ou adjunto de Jurema.
Raiz Afro:
• Eram monoteístas, pois adoravam a um DEUS-ÚNICO – por exemplo, Olorum para os Nagôs e ZAMBY ou ZAMBIAPONGI para os angolenses.
• Veneravam também a “deuses”, como emissários desse mesmo Olorum, aos quais denominavam ORIXÁS.
• Esses Orixás eram considerados como os senhores de certas FORÇAS ELEMENTAIS ou dos Elementos da Natureza.
• Nagô – povo que dominou positivamente quer no aspecto religioso, quer no da língua, entre as demais nações africanas aqui no Brasil, bem como foi o sistema que mais influenciou – tanto quanto o ameríndio – por dentro dessa corrente humana dita como dos adeptos dos cultos afro-brasileiros.
• Tocavam o adarrum, espécie de toque especial de atabaques, para chamar seus Orixás.
• Tinham consciência, de que ao “cair no santo”, que não era o Orixá ancestral – o deus Xangô, Ogum, Oxossi etc. Era um enviado do Orixá, porém representava a sua força. Pois, para eles o Orixá era (e é) um ser-espiritual altamente situado perante Olorum ou Deus, quer o seu enviado (o Orixá intermediário) que, para eles, também era um espírito muito elevado, nunca tinham encarnado, isto é, jamais haviam passado pela condição humana.
• Faziam também oferendas simples ou especiais – chamada depois de “comida-de-santo” – tudo de acordo com a ocasião da festa ou da cerimônia que se fizesse necessário. Também era comum, antes de iniciar o ritual propriamente dito, fazer um ebó, espécie de despacho, que envolvia, desde o sacrifício de animais até o seu aspecto mais simples, com pipocas e outras coisas.
• Repeliam todos os espíritos de seus antepassados, as almas dos mortos, enfim, a todos que já tinham sofrido o processo da encarnação, os quais chamavam de Eguns.
Raiz Ameríndia:
• TUPY-NAMBÁ, TUPY-GUARANY, pelas alturas do ano de 1500, povo que estava em franca decadência, isto é, no último ciclo de sua involução. (Abro parênteses aqui para colocar um ensinamento importante de Matta e Silva, quando diz: é “ponto fechado”, são fatos históricos, são verdades ocultas ou são dos ensinamentos esotéricos que, toda Raça surge, faz sub-raças, evolui sob todos os aspectos e, depois, entra em decadência, para dar lugar à outra nova Raça.)
• Suas concepções, sua mística, enfim, sua Teogonia, era de grande pureza e elevação, somente alcançada, pelos que já vinham dentro de uma velhíssima maturação espiritual.
• Nheengatu – o idioma sagrado dos Tupy-nambá, dos Tupy-guarany – revela claramente, em sua morfologia, em seus fonemas, no seu estilo metafórico etc., ter sido uma língua raiz, polida, trabalhada através de milênios.
• Adoravam a um Deus-Supremo sobre todas as coisas, a quem chamavam com muita veneração de TUPAN.
• Veneravam a GUARACY, YACY e RUDÁ (ou Perudá), como a tríplice manifestação do poder de Tupã.
• Guaracy era, sem dúvida, a representação visível, física, do Poder Criador que, através dele, criava nos elementos da própria natureza, as coisas, o ser etc. Enfim, era o elemento ígneo – o pai da natureza.
• Acreditavam mais em MUYRAKITAN, ou MURAYKÍTAN, termo oriundo de uma língua matriz - ABANHENGA, que surgiu com a primeira raça que nasceu na religião de brazilan conforme reza o TUYABAÉ-CUAÁ - a Sabedoria dos Velhos Payés .
• Para os homens era o TEMBETÁ , um talismã de nefrita verde, em forma de T, que os índios traziam pendente no lábio inferior, através de uma perfuração.
• Os payé daqueles tempos, conhecedores da magia praticavam também todas as modalidades mediúnicas. Tomavam precauções especiais sobre os médiuns e “quando queriam que as mulheres que tinham um dom, profetizassem, isto é, caíssem em transe mediúnico, primeiro envolvia-as no mistério do caa-timbó ou timbó , depois emitiam um mantran próprio para as exteriorizações do corpo astral – o termo ma-ca-aum, dentro de vocalizações especiais e rítmicas. Logo, aplicavam sobre suas frontes o mbaracá . Elas caíam como mortas, eles diziam palavras misteriosas e elas se levantavam, passando a profetizar com o Rá-anga – os espíritos de luz.
• Na terapêutica eram mestres na arte de curar qualquer doença – muitas das quais, até o momento a medicina oficial tem considerado incuráveis – pelo emprego das plantas, ervas ou raízes.
• As sessões mediúnicas eram realizadas constantemente pelos Payés, e tinham como único objetivo evocarem Rá-Anga, os espíritos da luz – a qual denominava GUAYÚ, que se processava sob cânticos e danças rítmicas. Antes desse ritual mediúnico, tinham um particular cuidado no preparo dos timbó a serem usados, isto é, faziam os defumadores propiciatórios para afastar ANHANGÁ, que era o espírito das almas penadas, atrasadas etc., era, enfim, “mal comparando” o mesmo que o “diabo” dos católicos e o Exu-pagão da quimbanda. Essa cerimônia ou ritual dito Guayú era sempre feita, para tirar guayupiá – a feitiçaria, de alguém.
Consequências da fusão aqui no Brasil, dessas duas raízes: AFRO E AMERÍNDIA (ano de 1547 foi constatado, positivamente, a existência de uma espécie de “fusão”, de mistura de práticas, de ritos, com o cerimonial que os nossos índios vinham praticando e denominado pelo branco como “adjunto de Jurema”)
• Surgimento depois de alguns anos, outra espécie de rito, com práticas mistas que ficou conhecido ou que foi chamado depreciativamente de “CANDOMBLÉ DE CABOCLO”, onde junto com a evocação e a crença nos “orixás”, predominava mais a influência ameríndia, com seus “Caboclos, seus encantados” etc.
• Surgimento de mais uma “retaguarda negra”, nefanda e que ficou denominada de “CATIMBÓ”.
• Forte influência dos “santos” da Igreja Apostólica Romana – sincretismo
• Acentuada influência do Kardecismo.
• Surgimento de um VIGOROSO MOVIMENTO DE LUZ, ORDENADO PELO ASTRAL SUPERIOR QUE ABARCOU TUDO ISSO NUMA TREMENDA E PODEROSA INTERPENETRAÇÃO HUMANA E ASTRAL FEITO PELOS ESPÍRITOS QUE SE APRESENTARAM COMO “CABOCLOS, PRETO-VELHOS E CRIANÇAS”
O Movimento de Luz
• Feito pelos espíritos carmicamente afins a essa massa e pelos que, dentro de afinidades mais elevadas ainda, as que são pautadas no Amor, na ajuda, na RENÚNCIA em prol da EVOLUÇÃO DE SEUS SEMELHANTES – foi lançado através da mediunidade de uns e de outros, pelos “Caboclos”, “Preto-velhos” etc., com o NOME DE UMBANDA.
• Esses CABOCLOS, PRETO-VELHOS E CRIANÇAS, desceram como pontas de lança, ordenadas pelo Tribunal Planetário, a fim de incrementarem por todos os meios e modos a EVOLUÇÃO da massa dita como dos adeptos dos cultos afro-brasileiros.
• Firmaram idéias e Princípios, estabelecendo as REGRAS e fizeram um vasto trabalho de ADAPTAÇÃO de conceitos sobre Linhas, Legiões e Falanges.
• Ensinaram que a UMBANDA representa as Leis de Deus, pela palavra do Cristo Jesus – o Regente de nosso planeta Terra. E ainda que Umbanda é um termo Litúrgico, sagrado, vibrado, que significa, num sentido mais profundo – CONJUNTO DAS LEIS DE DEUS, porque tem por escopo, dentro do meio que atualmente se diz como Umbandista, implantar no coração de seus filhos de fé essas citadas leis.
Fonte: Mistérios e Práticas na Lei de Umbanda - W. W. Matta e Silva